quinta-feira, 29 de novembro de 2007

DENÚNCIA

Bares funcionam ao lado de escola.
O problema do mercado do Conjunto Palmeiras é uma situação que já perdura há quase dez anos e não tem data para ser resolvido.

A Lei municipal 8.776, de 3 de outubro de 2003, proíbe o comércio de bebidas alcoólicas numa área de 300 metros quadrados de instituições particulares ou públicas de ensino. Contudo, na prática, a situação é um pouco diferente.

No bairro Conjunto Palmeiras, encontramos uma situação no mínimo inusitada, mas que no fundo é irregular.

Na Rua Val Paraíso, em uma das principais vias do bairro, colado ao muro da Escola de Ensino Fundamental Professora Maria do Socorro Ferreira Virino, funciona há cerca de dez anos, um mini-mercado, que tem, entre outros boxes, bares que vendem bebidas, segundo moradores e professores da escola.

Irregular: A água usada pelas lojas e casas é retirada da escola

A frente do colégio está localizada na Rua Modesto Parente. Ao lado, está o terreno onde foi feito o mercado que pertence a Prefeitura de Fortaleza. Segundo técnicos da Secretaria Executiva Regional (SER) VI, existe um projeto para retirar os bares dali e ampliar a escola.

Ante a inércia da Secretaria Executiva Regional (SER) VI, professores, alunos e comerciantes esperam que a Prefeitura entre em ação e consiga resolver o problema criado por ela mesma em gestões passadas.

Hoje, mais do que vizinhos incômodos, os comerciantes são “parasitas”, de acordo com professoras. “A água usada pelos comerciantes é retirada da escola e até bem pouco tempo a energia elétrica também”, diz uma professora.

No horário em que a reportagem visitou o mercado encontrou apenas três lojas abertas.Uma lotérica, um mercadinho e uma lanchonete. O mercadinho é um dos comércios acusados por moradores de vender bebidas alcoólicas. Ele pertence a Vanda Lima de Sousa, de 35 anos. Ela nega e diz que vende apenas lanches e material escolar.

Instalada no mercado há mais de sete anos, Vanda afirma que ouviu falar que a Prefeitura tem esse projeto de tirar o mercado de lá, mas diz que “só sai para outro local se for muito bem indenizada”.

Segundo ela, no início possuía apenas um box que comprou da irmã, depois ampliou o negócio comprando mais dois. “Fiz várias melhorias aqui. Não tenho intenção de sair não. É muito bem localizado, bem na avenida”, diz.

Ela conta que antes o mercado do bairro funcionava onde hoje existe a Escola de Ensino Fundamental Marieta Carls. “Eles derrubaram o mercado para construir a escola e prometeram nos colocar em outro lugar. Depois de um tempo construíram isso aqui, que não era como está hoje. Era um chiqueiro. Nós é que melhoramos”.

Na outra extremidade do mercado a reportagem encontrou Manoel Neto, de 67 anos, há mais de cinco trabalhando no local. Receoso, ele pergunta se estamos ali para prejudicar o seu negócio. Informamos que não. Perguntado se vende bebida alcoólica, a resposta é rápida. “ Tenho horror a bebida. Aqui só vendo caldo, almoço e refrigerante.”

O proprietário da lanchonete (boné vermelho) diz que tem "horror a bebida"

Manoel explica que já foi chamado pela SER VI, para esclarecimento sobre a venda de bebidas. “Eles me chamaram, mas a própria moça que veio aqui estava lá e confirmou que eu não vendo essas coisas aqui não”.

Trabalhando com a filha e um ajudante, Manoel é contra a venda de bebidas alcoólicas. “Não sou evangélico não, mas não gosto de bebidas. Até quando passa algum bêbado aqui tenho raiva”.

Segundo ele, já ouviu falar que alguns vendem, mas ele não sabe quem são. Perguntado se o bar que está fechado, ao lado da sua lanchonete seria um deles, Manoel desconversa. “Eu fico das 5 horas até às 18. É a partir da hora que eu fecho que ele abre. Por isso não sei dizer”.

De acordo com algumas pessoas da escola, mesmo não vendendo bebidas, a lanchonete “Lanche Bem” tem incomodado as aulas. Se por um lado, o almoço e o caldo servido por Manoel e sua filha agradam aos clientes, do outro lado do muro, na Escola, alunos e professores reclamam do mau-cheiro e de ratos e baratas que, segundo eles, saem da lanchonete pelos fundos e invadem o colégio.

Manoel assegura que no seu comércio não tem ratos e nem baratas. “Pode ser de qualquer lugar”, diz. Temendo perder a fonte do seu sustento, Manoel afirma que tem apenas na palavra de um ex-diretor da regional, a garantia de que está seguro naquele local. “José Edmar me disse que eu podia ficar tranqüilo que não sairia daqui não. Comprei por R$ 1.200,00 , mas já ajeitei muitas coisas”, explica. Enquanto isso, diz que continuará vendendo suas refeições.

Um comentário:

Eduardo Freire disse...

A matéria está ótima mas carece de correções.